terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A PRIMEIRA VEZ NO PARAÍSO

Sempre tive muita vontade de conhecer a  Ilha Grande. Amigos que já foram férias ou passaram algum feriado prolongado por lá, voltaram encantados com as belezas do lugar, contando mil histórias e, me deixavam com a impressão que estiveram num verdadeiro paraíso.
André e Zarmo passaram boa parte da infância morando em Angra dos Reis e conhecem bem a ilha desde garotos. Nilo também não era nenhum marinheiro de 1ª viagem , pois,  já tinha ido lá algumas vezes para mergulhar e também conhecia várias praias.
 Não posso dizer que desconhecia totalmente o lugar. Por duas vezes estive lá passeando de lancha para mergulhar (uma das vezes com o próprio Nilo) mas, sempre por algumas poucas horas e em nenhuma das vezes tinha estado em terra firme.
Quando soube que tínhamos um show marcado em janeiro na Vila do Abraão, vi que minha oportunidade tinha chegado de curtir um pouquinho esse paraíso.

Dia 17 de Janeiro, sábado, partimos às 07:00 h da manhã do Rio para Angra dos Reis onde pegaríamos uma embarcação as 11:15 h que nos levaria até a Vila do Abraão, na Ilha Grande local marcado para o show.  Saimos com bastante antecedência, pois, não queríamos correr o risco de perder a barca e atrasar todo o cronograma que tínhamos feito. O dia estava lindo e tudo parecia correr muito bem mas, depois de alguns minutos de viagem, bem no começo da Rio-Santos, um engarrafamento gigantesco começou a querer melar meus planos. Tinhamos esquecido que era feriado prolongado e milhares de pessoas  também seguiam com seus carros pra aquelas bandas de lá. Resultado: uma viagem que duraria normalmente 2 horas e meia (no máximo), se transformou num verdadeiro caos de quase 5 horas por causa do maldito engarrafamento. A próxima barca iria sair somente às 16:00 h, resolvemos então sair para procurar um restaurante e alguma coisa pra fazer até podermos seguir viagem. O paraíso estava adiado...não teriamos tempo nem para um mísero mergulho. Chegaríamos lá somente a tempo de armar o palco e passar o som, depois disso era comer alguma coisa e descansar um pouco antes do show rolar.  Já estava me conformando quando, depois de alguns telefonemas, a sorte nos voltou a sorrir. O Renato conseguiu descolar uma escuna que iria zarpar para o Abraão às 13:30h. Fizemos um lanche rápido e em pouco tempo já estávamos a caminho.
A paisagem da baía de Angra nos fez esquecer rapidamente dos problemas. Não há mau humor que resista àquela natureza exuberante e, em pouco tempo,  já estávamos rindo e fazendo piada de todo o sufoco que havíamos passado naquela manhã.
Cerca de 1 hora e meia depois chegamos a Ilha. Anderson, um velho amigo nosso e responsável pela produção local, já estava nos esperando no cais. Deixamos a aparelhagem e os instrumentos no Ipaum Guaçu, local do show, e fomos direto comer uma moqueca num restaurante na ponta da praia. Após o almoço a rapaziada da equipe técnica foi para o local do show preparar a montagem do palco para a passagem de som e nós ficamos por ali mesmo curtindo a praia até o sol quase se por. 
Ficamos hospedados numa casa no centro da Vila do Abraão alugada pela produção e, ajudados por algumas cervejas (ninguém é de ferro...), dormimos até quase uma hora antes de subir ao palco. A noite estava agradável, tinha chovido um pouco enquanto estávamos dormindo, e soprava uma brisa leve que vinha do mar. Estávamos hospedados bem pertinho do Ipaum Guaçu e como a ilha Grande não dispõe de tranporte, fomos a pé até lá. As ruas, bares e restaurantes estavam cheias de gente de várias partes do Brasil e do mundo, a vila fervilhava e o paraíso, naquela noite, parecia ter mergulhado numa grande festa.
Depois de poucos minutos no camarim, tempo suficiente somente para algumas fotos e autógrafos, atacamos exatamente às 2 h da madrugada. O palco era pequeno, a casa estava cheia e fazia um calor enorme mas, logo de cara saquei que a noite prometia.
O som estava muito bom, Zezinho , nosso técnico de som, mais uma vez se superou e mandou super bem. O público deixou bem claro que estava a fim e mandou ver desde a primeira música, seguindo assim até o fim do show. Destaque para a galera de Minas, Curitiba, São Paulo e Porto Alegre que estavam ali no gargarejo e não pararam de pular e cantar o tempo todo. Os gringos, movidos por algumas “Caipiriniaaaaaas”, também não deixaram por menos e ajudaram a tocar fogo no lugar. Depois de mais de 1 hora e meia de apresentação, às 3:30 hs cansados e totalmente molhados de suor, tocamos a última música e nos despedimos da galera que não esperou nem descermos do palco para pedir bis, aos berros de “Mais um! Mais um! Mais um!Mais um!...”
Para alegria da galera e, como milagrosamente ninguém havia pedido até aquela altura do show, resolvemos dar o bis com Sociedade Alternativa, do mestre Raul Seixas. A casa veio abaixo e, o palco que já era pequeno, ficou ainda menor  com a participação inesperada de Aline, uma menina que se animou, driblou a segurança e resolveu dividir o palco com a gente.
Fim de show, fim de uma noite especial que nos lembreremos com muito carinho.
Às 07:30 da manhã, já estávamos de malas prontas na escuna que nos levaria de volta ao continente. Ainda com muito sono dei uma última olhada na Vila do Abraão. Alguma coisa de mim ficou naquela ilha e, alguma coisa dela levo pra casa comigo.


Marcelo Hayena


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